Escravidão nas Américas e a escravidão Bíblica
Quando falamos de escravidão, logo nos vem a mente, escravos apanhando no tronco, trabalhando nas plantações de algodão nos E.U.A, nos cafezais e nas minas de ouro e minérios no Brasil. Quem sabe ainda cenas da novela “a escrava Isaura” uma telenovela exibida em 1976 e que foi sucesso em vários países. Sem contar as inúmeras barbaridades cometidas pelos “senhores de escravos” no triste período colonial deste país.
Por causa destes tristes episódios da civilização humana, muitas pessoas ao lerem as sagradas escrituras, e perceberem que ali também existiam escravos, acreditam que com a escravidão na nação de Israel era feita da mesma forma. A escravidão de bens móveis praticada no Brasil e outros países era bem diferente da praticada nos tempos bíblicos, escravos de bens móveis poderiam ser maltratados, eram propriedade de seus senhores para toda a vida, não só eles, mas os filhos que por ventura (ou desventura) viessem a ter. Escravos neste contexto não têm liberdade pessoal ou direitos reconhecidos para decidir a direção de suas próprias vidas.
Escravidão fiduciária não é escravidão bíblica
A escravidão descrita acima, não é o mesmo tipo de escravidão descrita na Bíblia. Na escravidão de bens móveis, as pessoas não têm nenhum direito, mas, nas formas bíblicas de escravidão, aqueles que eram escravos, seja por servidão contratada, captura ou punição, recebiam direitos.
Um escravo podia decidir voluntariamente permanecer como escravo (Dt.15:16-17).
Quando um escravo era liberto, recebia presentes que lhe permitiam sobreviver economicamente (Dt.15:14).
Um escravo hebreu podia se tornar livre após seis anos de serviço (Ex. 21:2; Dt.15:12), seria libertado durante o ano do Jubileu (Lv. 25), pelo casamento do filho do mestre ou, se em algum momento, fosse recusado, era então libertado (Ex. 21:7-11), devido a lesão (Ex. 21:26-27), ou comprando sua própria liberdade (Lv. 25:47).
Um escravo fugitivo não deveria ser devolvido ao dono como se fosse uma propriedade (Dt. 23:15-16).
O escravo era membro da casa do senhor (Lv. 22:11) e era obrigado a descansar no sábado. (Ex. 20:10; Dt. 5:14). Um escravo podia herdar propriedades (Gênesis 15:2-3), estar no controle de famílias inteiras (Gênesis 24:2) e, às vezes, ser conselheiro de confiança (1 Sm. 9:5-10).
O tratamento dos escravos não devia ser severo (Lv. 25:43, 53).
Um mestre que punisse seu escravo, e este viesse a morrer, deveria ser punido possivelmente com a morte (Êxodo 21:20). Os escravos eram considerados como propriedade formal (Lv 25:46; Ex. 21:32; Lv 25:39-42), mas não no sentido mais estrito, uma vez que os escravos fugitivos não deviam ser devolvidos como uma propriedade (Dt 23:15-16).
Sequestrar alguém para escravizá-lo era proibido (Amós 1:6) e punível com a morte (Dt 24:7; Êx 21:16).
Conclusão
Enquanto a escravidão significava que a pessoa que estava servindo como escravo não tinha nenhum direito, a escravidão bíblica era diferente. Se um escravo escapasse de seu amo abusivo, ele não deveria ser devolvido como sua propriedade (Dt. 23:15-16). Ao ser liberto, o escravo devia receber presentes que lhe permitissem sobreviver economicamente (Dt.15:14). Os escravos eram membros da casa do senhor (Lv. 22:11), que podiam herdar propriedades (Gn.15:2-3) e controlar toda a casa (Gn. 24:2).
Os escravos não deviam ser tratados com severidade (Lv. 25:43,53) e a punição que resultasse na morte do escravo poderia resultar na execução do mestre (Êxodo 21:20).
Portanto, embora a escravidão fosse uma realidade no antigo Oriente, o tipo de escravidão registrada na Bíblia não era a escravidão de bens móveis, o tipo que era praticado nas Américas.