A Ceia do Senhor é uma representação do sacrifício?
Por Matt Slick
A posição católica romana acerca da ceia do Senhor é aquela em que o padre na missa, consagração da ceia do Senhor (Comunhão), oferece pão e vinho que são transformados na verdadeira carne e sangue de Jesus, deixando de ser pão e vinho ainda que continuem com a aparência de pão e vinho.
Parágrafo 1376 do livro Catecismo da Igreja Católica (CCC em inglês) afirma,
“O concílio de Trento resume a fé católica ao declarar: ‘Porque Cristo, nosso redentor, disse que verdadeiramente ele oferecia seu corpo sob espécies de pão, é que sempre tivemos convicção de que a Igreja de Deus e este santo concílio, agora declarando novamente, que pela a consagração do pão e do vinho acontece ali uma mudança inteira de substância, onde o pão se torna matéria do corpo de Cristo nosso Senhor e o vinho se torna matéria do seu sangue. Essa mudança a sagrada igreja católica propriamente nomeou de transubstanciação.” (CCC, 1376).
Primeiro: Os protestantes rejeitam essa doutrina, a qual consideram uma violação da escritura sagrada acerca do consumo de sangue.
“Porquanto a vida de toda a carne é o seu sangue; por isso tenho dito aos filhos de Israel: Não comereis o sangue de nenhuma carne, porque a vida de toda a carne é o seu sangue; qualquer que o comer será extirpado.” (Levítico 17.14)
Também é considerado o que Tiago diz no concílio de Jerusalém,
“Por isso, julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus, mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais por palavra vos anunciará também as mesmas coisas. Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá.” (Atos 15.19-20, 27-29)
Certamente, os discípulos não teriam dito às pessoas que se abstenham do consumo de sangue se eles entendessem que os elementos da ceia eram verdadeiramente o sangue e a carne de Cristo.
Segundo: A transubstanciação é a violação da encarnação uma vez que implica que Jesus é fisicamente presente em mais de um lugar ao mesmo tempo. Jesus ainda é homem, (Colossenses 2.9; Atos 1.11), e por definição, um ser humano só é capaz de estar em um único lugar de cada vez.
Jesus instituiu a ceia antes de sua crucificação
Terceiro, quando Jesus instituiu a ceia do Senhor, seu sacrifício ainda não havia ocorrido. Pense bem: Jesus estava a mesa com seus discípulos, ele instituiu a ceia ao dizer “E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai.” (Mateus 26.26-29) Agora, temos que nos perguntar o que Jesus estava fazendo quando instituiu a ceia. Veja, a Igreja Católica Romana diz que a eucaristia é o corpo sacrificado e o sangue de Cristo; e isso importante.
“E desde que nesse divino sacrifício que é celebrado em missa, o mesmo Cristo que se ofereceu uma vez de forma sangrenta no altar da cruz está contido e é oferecido de forma não sangrenta,” (CCC, par. 1367)
Temos então que acreditar que quando Jesus ofereceu pão e vinho antes de sua crucificação ele estava na verdade oferecendo sua carne e seu sangue sacrificado? O católico romano é obrigado a dizer que sim, mas como essa resposta pode ser racional? Quando os pressiono nesse assunto, a resposta que recebo é que Deus pode fazer todas as coisas que quiser; assim sendo, é verdadeiramente o sangue e carne de Cristo.
Lembrem-se, quando Jesus instituiu a ceia, a crucificação ainda não havia acontecido. Se os católicos romanos querem continuar com o pensamento de que o pão e o vinho que Jesus ofereceu era seu corpo e sangue sacrificado, então Jesus estava falando de forma profética. Se ele estava falando de forma profética, então ele não estava falando literalmente acerca do pão e do vinho. Ao invés disso, falava da crucificação vindoura.
O que diz Jesus?
- “Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai.” (Mateus 26.28-29)
- “E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que por muitos é derramado. Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da vide, até àquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus.” (Marcos 14.24-25)
Notem que enquanto Jesus estava explicando a comunhão para eles, ele se refere ao vinho como “fruto da vide”. Essa é uma referência ao vinho – não a sangue. Assim, Jesus ainda se refere ao vinho como vinho mesmo quando diz: “Este é meu sangue.”
Concluímos então que Jesus falava simbolicamente como fez em outros versos. “Eu sou o pão da vida”, (João 6.48) “Eu sou a ressurreição e a vida”, (João 11.25); “Eu sou a verdadeira videira,” (João 15.1). A Ceia do Senhor representa o verdadeiro sacrifício de Cristo, não é literalmente seu corpo e sangue.