Catolicismo

O purgatório nega a suficiência de Cristo

Por- Matt Slick – Tradução David Brito

De acordo com o manual para o Católico de hoje, pagina 47:

“Se você morrer no amor de Deus, mas possuir eventuais manchas do pecado, essas manchas serão purificadas em um processo de purificação chamado Purgatório. Estas manchas do pecado são essencialmente a pena temporal devida aos pecados veniais ou mortais já perdoados, mas que não foram feitas penitências suficientes durante o tempo em vida.”

O Catecismo da Igreja Católica, no paragrafo 1030, diz que o Purgatório é para “Todos os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas ainda estão imperfeitamente purificados, esses, têm a garantia de sua salvação eterna, mas após a morte passam por uma purificação, de modo a alcançar a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.”

Entre as muitas doutrinas que o catolicismo afirma ser obtido através da Sagrada Tradição, Purgatório é um dos mais interessantes e intrigantes, particularmente para um protestante.

À luz da doutrina paulina da justificação pela graça mediante a fé, como é possível que após a morte seja necessário haver uma purificação através da punição para um cristão que confiou em Jesus para purificá-lo de todos os seus pecados? O castigo que Jesus sofreu pelas nossas transgressões não foi suficiente? Ele não tomou o nosso lugar na cruz onde Ele sofreu a nossa morte? Parece que as palavras de Cristo, “Está consumado” (João 19:30) não foram o suficiente para nos purificar de todo o pecado na cruz, a qual Ele ofereceu o derradeiro sacrifício..

Claro, a doutrina Católica Romana afirma que a vida eterna é concedida a quem recebe o batismo (Catecismo, 1265-1266 par., 1992). E as manchas dos pecados cometidos após o batismo e não removidos através da penitência, boas obras, orações, missa, etc, são removidos no fogo do Purgatório (Manual dos Católicos de hoje, página 47).

Sob a luz da doutrina da justificação pela fé (Rm. 5:1Rm. 4:5Rm. 9:30At 13:39Gl. 2:16) a qual Jesus carregou todos os nossos pecados, Purgatório parece não ter nenhuma finalidade teologicamente justificável de existir. Acreditando somente nas escrituras não existe a menor possibilidade de que a doutrina do purgatório seja verdadeira, assim sendo, o principal apoio para a doutrina do Purgatório é encontrada na doutrina católica da Sagrada Tradição. No entanto, o que a Bíblia diz sobre a justificação, a punição, e os nossos pecados?

O que é a Justificação pela fé?

Justificar significa absolver, declarar justo o oposto de condenar. Isso significa não ser culpado de quebrar a lei, e, portanto, deve ser considerado justo pela própria Lei.

Deus deu a Lei, isto é, os Dez Mandamentos. A Lei é um reflexo do caráter de Deus, um padrão perfeito de justiça que ninguém pode manter. Uma vez que ninguém é capaz de manter a Lei de Deus, ninguém pode ser justificado pela Lei (Rm. 3:20). Portanto, Não há um justo sequer (Rm. 3:10-12). Este é o problema de todas as pessoas. Todos quebraram a Lei de Deus e precisamos ser justificados, e declarados justos aos olhos de Deus. Isso só pode ser feito através do Messias.

Jesus tomou o nosso lugar na Cruz (1 Pe. 2:24), e levou sobre sí os nossos pecados (2 Co. 5:21), afastou a ira de Deus sobre nós (Rm. 5:9) ao fazer a propiciação (1 Jo 2:2) que afastou a ira de Deus. Ele foi punido em nosso lugar. Portanto, Jesus foi a nossa substituição. A obra da justiça de Cristo é imputada ao crente pela graça (Tt 3:7) através da fé (Rm. 5:1). Esta justificação é uma ação legal da parte de Deus imputando ao crente como tendo cumprido a lei – toda a Lei.

Segue-se necessariamente que ser justificado aos olhos de Deus é ser plenamente justificado. Não é apenas parte da Lei que deve ser satisfeita, mas toda ela. Perfeição é o padrão. Da mesma forma, não é parte de nossos pecados que foram justificados por Cristo, mas todos eles. Esta justificação inclui todos os pecados do crente (passado, presente e futuro) ou então não poderia haver justificação.

Mas o que o Catecismo da Igreja Católica Romana ensina?

O Catecismo da Igreja Católica (parágrafos 1990-1992) diz,

“Justificação separa o homem do pecado que contradiz o amor de Deus, e purifica seu coração do pecado. Justificação parte da iniciativa misericordiosa de Deus de oferecer o perdão. Ele reconcilia o homem com Deus. Ele liberta da escravidão do pecado, e ele cura” . . .

 “A justificação é, ao mesmo tempo, a aceitação da justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo. . ” e ” . . justificação é conferida no batismo, sacramento da fé. Ela nos conforma com a justiça de Deus, que nos faz interiormente justos pelo poder da sua misericórdia.”

De particular interesse é a referência que “justificação é conferida no baptismo, sacramento da fé”. Há muitos versículos da Bíblia que lidam com o batismo em Cristo (Gl. 3:27Rm. 6:1-11). Este artigo não se destina a discutir a natureza do batismo. No entanto, afirmo fortemente que o batismo é um sinal do pacto para o crente que já é justificado pela fé e para os filhos dos crentes que estão sob o pacto da família. Não é o batismo que justifica uma pessoa. Pois;

      •   A justificação é um dom gratuito de Deus (Rm. 3:24)

  • A justificação é através da Graça (Tito 3:7)
  • A Justificação é pela fé (Rm. 3:285:1Gl. 3:24)
  • A Justificação é pelo Sangue de Jesus (Rm. 5:9).
  • A justificação é pelo nome de Jesus (1Co. 6:11).
  • Justificação não é equiparada com o batismo, mas com a graça, a fé, e o sangue de Jesus.

Jesus disse, “Está consumado,” (João 19:30).

 Jesus carregou os nossos pecados em Seu corpo, pagou a nossa pena, e ao morrer disse: “Está consumado.” Em grego, a frase: “Está consumado”, é a palavra, tetelestai. Em textos de papiros gregos antigos que eram recibos de impostos quando a dívida era paga na totalidade, a palavra tetelestai era escrita no documento. Isto significava que a dívida tinha sido pago na íntegra. Em outras palavras, Jesus terminou a obra de expiação, mas não só expiação (fazer as pazes, fazer direito), mas também de propiciação (afastando a ira de Deus). Ele pagou integralmente a dívida feita pelo pecador. Não havia nada mais a ser feito. . Acabou!.

No entanto, a doutrina do purgatório, está dizendo que devemos sofrer no Purgatório por pecados não abrangidos pelo batismo e não cobertos pela cruz. É dizer que a obra de Cristo não está terminada e que há coisas que devemos fazer para completar o sacrifício e a obra redentora de Cristo. Isso equivale a ganhar o Céu por nossas boas obras, ainda que uma obra de sofrimento. Além disso, a doutrina do purgatório implica que uma pessoa deve expiar seus próprios pecados. Isso implica que a pessoa deve fazer mais do que aquilo que a Lei de Deus exige dele. Isso é chamado de super-rogação.

Quando Jesus disse: “Está consumado”, tudo o que era necessário foi concluído na expiação, e todos que pela fé em Cristo o receberam foram justificados. Não podemos concluir ou adicionar a obra de Cristo o nosso sofrimento. Purgatório não é somente desnecessário como também contradiz a Palavra de Deus. A doutrina do purgatório é heresia

Matt Slick

Matt Slick é o presidente e fundador do Christian Apologetics and Research Ministry. Formado em Ciências sociais pelo Concordia University, Irvine, CA, em 1988. Bacharel em ciências da religião e mestre em apologética pelo Westminster Theological Seminary in Escondido, Califórnia