Por que Deus não acabou com a escravidão na Bíblia?
Muitas pessoas perguntam por que o Deus da Bíblia, que supostamente é amoroso e bondoso, permitiria a existência da escravidão nos tempos antigos. Por que Deus não acabou com a escravidão? Se ele é todo-poderoso, não deveria então ter usado seu controle soberano de todas as coisas para eliminar o que é opressivo?
Os críticos da Bíblia frequentemente citam o fato de que a escravidão fazia parte das sociedades do Antigo e do Novo Testamento e então condenam Deus por não a remover. Então, por que Deus permitiu a escravidão?
Padrão moral?
Em primeiro lugar, condenar a escravidão, entre outras injustiças, implica que sua abolição é o que deveria ser feito. É então uma questão moral. Mas levantar a questão da abolição com base no raciocínio moral é insinuar que existe uma verdade universal à qual podemos apelar para condená-la. Mas, de onde vem esse padrão moral universal e como ele é justificado? Eu poderia argumentar que, além da cosmovisão cristã, tal objetivo, um padrão moral universal não subjetivo não pode existir pelo menos não no ateísmo, agnosticismo ou humanismo, nenhum dos quais pode justificar princípios morais universais. Por que? Porque princípios são abstrações e abstrações requerem uma mente.
Mas dizer que a escravidão é universalmente errada (em todos os tempos e lugares) é apelar para um princípio universal. Isso implica uma mente universal: Deus. O cristianismo é o que melhor fornece as pré-condições necessárias para uma base moral universal, e a questão permanece:
Feito à imagem de Deus
Basicamente, Deus permitiu que a escravidão existisse e ainda existe, por causa da rebelião e das ações pecaminosas da humanidade decaída. Deus permite que várias coisas aconteçam no mundo que ele não aprova, como assassinato, mentira, estupro e roubo. Na teologia, chamamos a revelação moral de Deus de sua vontade prescritiva. Consiste em coisas como “não matarás” e “não mentirás”. No entanto, no que chamamos de vontade permissiva, ele permite que as pessoas matem e mintam.
Biblicamente falando, fomos feitos à imagem de Deus (Gênesis 1:26-28). E porque fomos feitos à Sua imagem, somos responsáveis por nossas ações e escolhas. No Jardim do Éden, Adão e Eva escolheram se rebelar contra Deus. Eles exerceram seu livre arbítrio e o desobedeceram, e o pecado tornou-se uma realidade junto com a escravidão. Mas temos que perguntar, onde traçamos a linha sobre o que consideramos o ponto de partida adequado onde Deus deve intervir e prevenir o mal.
Onde traçamos a linha moral?
Sabemos com certeza que o assassinato é errado. Então, Deus deveria parar todo assassinato? Se dissermos que sim, o que dizer dos pensamentos de assassinato? Deus deveria impedir isso também? Ou está tudo bem em pensar em assassinar alguém, desde que você não o faça? Mas nem mesmo a contemplação de assassinato é uma coisa moralmente errada a se fazer? Claro que é. Então, Deus deveria parar até mesmo a contemplação de tal mal? Lembre-se, a maioria dos pecados ocorre porque primeiro pensamos neles antes de cometê-los. Então, Deus deveria controlar o pensamento de alguém e impedir que as pessoas pensem em fazer algo errado para evitar que isso aconteça? Ou será que Deus deveria permitir que as pessoas pensem livremente todos os tipos de mal? Em caso afirmativo, por que essa é a coisa certa a fazer?
O ponto que estou tentando enfatizar é que, quando as pessoas perguntam por que Deus permitiu a escravidão ou por que não caba com com a escravidão, elas estão fazendo uma pergunta moral sobre o que deveria existir e o que não deveria existir.
Conclusão
Deus permite o mal no mundo, incluindo a escravidão, porque essa é a natureza do mundo caído que está associada à nossa liberdade. Deus deu um jardim a Adão e Eva que era bom. Mas em sua rebelião, o pecado entrou no mundo (Romanos 5:12), e com ele veio o efeito do pecado, que trouxe dor, sofrimento, rebelião, morte e condenação. A escravidão existe por causa da liberdade pecaminosa e rebelde do homem. O Senhor nos permitiu fazer com a liberdade deles o que desejamos. E não devemos culpar Deus por permitir o que nós, em nossa pecaminosidade, como raça humana, permitimos acontecer e continuar acontecendo, lembrando que até mesmo o povo de Deus foi escravisado no Egito.