Mais um olhar no Argumento Cosmológico
Por Brad Huston
O argumento a ser feito aqui é uma forma do argumento cosmológico que se originou na filosofia de Platão e Aristóteles, e foi refinado por Tomás de Aquino. Com os avanços da ciência moderna, a versão que fornecerei será talvez mais clara para alguns do que a forma estabelecida por Tomás de Aquino. É uma composição do argumento cosmológico vertical de Aquino e do argumento cosmológico de Kalam:
Tudo o que tem um começo precisa de uma causa.
O universo teve um começo.
O universo precisa de uma causa.
Não pode haver uma regressão infinita das causas causadas.
Deve haver uma causa para tudo que não tem começo e não precisa de causa para sua própria existência.
Premissa # 1 é auto evidente. Algo não pode trazer sua própria existência, já que não pode ser antes de si mesma. Mas se começou a existir, não pode ter surgido do nada e de lugar nenhum; nada produz nada.
Existem várias evidências que apoiam a afirmação da Premissa 2 de que o universo teve um começo. A comunidade científica aceitou há muito o começo do universo através do big bang. Citando Norman Geisler, “Logicamente e matematicamente, as evidências do big-bang sugerem que originalmente não havia espaço, nem tempo, e nem matéria.” (Geisler, 1999) Aqui estão alguns pontos muito resumidos para demonstrar porquea credita-se que o universo tenha tido um inicio, a maioria dos quais foi apresentada pelo astrônomo Robert Jastrow (Jastrow, 1982), e alguns dos quais foi posteriormente descoberto:
A segunda lei da termodinâmica mostra que a energia utilizável está diminuindo, o que significa que deve haver um momento em que o processo começou. Se não (se houvesse tempo infinito antes de nós), toda a energia do universo teria sido esgotada e não estaríamos aqui. O universo está se expandindo e se fizermos o caminho de volta, teria que haver um lugar onde o universo começou a se expandir. O universo não pode estar continuamente se expandindo e retraindo, uma vez que acabaria por ficar sem energia e colapsar sobre si mesmo. Se o universo fosse eterno, o tempo também seria eterno. Mas nunca poderíamos ter chegado a esse ponto se o tempo fosse infinito. O tempo mede os intervalos entre os movimentos. Não houve movimento até o universo ter começado, portanto não houve tempo. Seria impossível atravessar uma quantidade infinita de tempo.
Vemos a matéria degradando-se continuamente em vez de se tornar mais complexa. Se as coisas desmoronam quando deixadas por si só, o mundo não poderia ser infinito. Ele já estaria destruído. Somente aquilo que é autossuficiente e autossustentável pode ser infinito. Há um “eco” de radiação em todo o universo, que os cientistas, a princípio, consideravam meramente estática ou um mau funcionamento de seus equipamentos. Esta emanação de radiação é consistente com o que seria esperado de uma enorme explosão no passado, até o comprimento de onda que deveria ser produzido por tal luz e calor.
Depois que a teoria do big bang se tornou a visão predominante da origem do universo, os cientistas começaram a procurar por uma grande massa de matéria associada à explosão original, mas nenhuma foi encontrada até que o Hubble tornou possível encontrá-la. Um astrônomo, Michael Lemonick, disse que “olhando para o começo dos tempos, um satélite encontra a estrutura mais antiga já observada – evidência de como o universo tomou forma 15 bilhões de anos atrás.” (Lemonick, 1993) Isso era exatamente o que eles estavam procurando, se a teoria fosse mostrada como verdadeira além de uma dúvida razoável.
A premissa nº 3 é verdadeira pelas leis da lógica se os dois primeiros pontos forem verdadeiros. Vou citar um colega, Glenn Smith, sobre este ponto: “Tudo o que observamos atualmente depende de outra coisa. Isso inclui partículas subatômicas, a atmosfera do nosso planeta, o sol e tudo o que é observável. Se não fosse pela nossa atmosfera, você e seu computador vaporizariam. Então, se tudo no universo é atualmente dependente, todo o universo é atualmente dependente.”
Premissa # 4: Não se pode postular uma sequência interminável de causas causadas. Isso parece óbvio, mas se você precisar de algumas razões para isso, tentarei, embora pareça algo bem óbvio, é também um pouco difícil de explicar.
Se as causas do universo precisassem de uma causa, e a causa dessa causa precisasse de uma outra causa, ad infinitum, a cadeia de causas nunca poderia ser posta em movimento.
Uma série infinita é impossível porque mais um momento (ou causa) poderia sempre ser adicionado. Mas é impossível adicionar a um infinito. Além disso, se houvesse um número infinito de causas, haveria um número infinito de momentos em que o ato de causação ocorreria. Mas se houvesse momentos infinitos, o momento atual nunca poderia ter chegado, já que é impossível atravessar um número infinito de momentos. O infinito quantitativo é meramente uma convenção da matemática, mas não tem uma contrapartida metafísica. Sem uma primeira causa, não há causalidade na série, ou seja, não há a segunda, terceira, quarta, etc.
Conclusão (# 5): Se o universo precisa de uma causa para sua existência, e não pode haver uma cadeia interminável de causas contingentes, deve haver uma Causa cuja existência seja necessária. (“Necessário” é usado em oposição ao “contingente”, no qual um ser contingente precisa de uma causa para sua existência, e um Ser necessário não tem causa nem princípio.) Algo deve ser eterno para qualquer outra coisa existir. Pois nada produz nada. Se nada existisse, então nada poderia existir. Mas o universo, como você o ´pode ver, não é eterno; começou a existir. Portanto, deve haver alguma outra coisa, ou outra pessoa, que não dependa de nenhuma outra existência, mas existe em virtude de si mesma. Isso está além da compreensão humana (porque nunca experimentamos algo que seja sem começo), mas não é contraditório à lógica haver um ser sem começo. Como espero ter mostrado, nenhum outro estado de coisas é possível, pois se esse algo não é eterno nada jamais poderia existir.
Este foi um breve relato do argumento cosmológico. Não levou em consideração certas objeções. Essas objeções são bem tratadas na Baker Encyclopedia of Christian Apologetics, de Norman Geisler, no artigo “Argumento Cosmológico”. Esse argumento, por si só, não produz o Deus cristão, mas o leva a seguir todas as implicações e outras evidências para o Deus da Bíblia, que não pode ser fornecido em um artigo. Este argumento é apenas uma tentativa de mostrar que existe um Ser Supremo o qual o universo deve a sua existência.
Fontes
Geisler, N. (1999). “Kalam Cosmological Argument.” In Baker Encyclopedia of Christian Apologetics (p. 400). Grand Rapids: Baker Books.
Jastrow, R. (1982). “A Scientist Caught Between Two Faiths: Interview with Robert Jastrow.” Christianity Today.
Lemonick, M. D. (1993). Echoes of the Big Bang. Time.