Apologética

Lógica na Apologética

A lógica é muito importante na apologética. Para defender a fé, o cristão deve usar a verdade, os fatos e raciocinar apropriadamente e em oração. O cristão deve ouvir objeções e fazer comentários convincentes e racionais em resposta direta às questões levantadas. 

 A lógica é simplesmente uma ferramenta no arsenal da apologética cristã. A lógica é um sistema de raciocínio. É o princípio do correto pensamento usado para chegar a conclusões corretas.  

Naturalmente, algumas pessoas são melhores em pensar logicamente do que outras, e não há garantia de que usar a lógica com o melhor de sua capacidade trará a conversão de qualquer um. Afinal, a lógica não é o que salva uma pessoa. Jesus faz isso e somos justificados somente através e pela fé (Romanos 5: 1). 

 Portanto, o uso adequado da lógica na apologética é remover as barreiras intelectuais que impedem uma pessoa de aceitar a Jesus como Salvador. A lógica não deve ser encarada como a resposta para todos os problemas que o cristianismo enfrenta nem todas as objeções levantadas contra ele. A lógica tem seus limites. Não pode garantir sabedoria. Não pode provar ou refutar a inspiração ou o amor. Não pode substituir a intuição adquirida através da experiência, à inspiração do Espírito Santo, nem a clara verdade da palavra de Deus. No entanto, a lógica ainda é muito valiosa e pode ser bastante usada tanto por pessoas salvas quanto não salvas. 

 Oponentes do cristianismo usam a lógica 

 Às vezes, um adversário do cristianismo pode usar problemas lógicos como um tipo de evidência contra a existência de Deus. Considere esta objeção bastante básica: 

 Proposição: Deus pode fazer todas as coisas. 

Afirmação: Deus pode fazer algo tão grande que não possa levanta-la? Se Ele pode, então Ele não pode fazer todas as coisas porque Ele não pode levantar a rocha. Se Ele não pode, então Ele não pode fazer todas as coisas porque Ele não pode fazer uma rocha tão grande que ele não possa levantá-la. 

Conclusão: Visto que Deus pode fazer todas as coisas e nós mostramos que existem coisas que Ele não pode fazer, portanto, Deus não existe. 

Aparentemente, essa lógica pode ser difícil de responder. Mas, tudo o que temos que fazer é pensar um pouco mais, e podemos ver que o problema acima não é lógico. Aqui está a resposta: 

 Proposição: Deus não pode violar sua própria natureza; isto é, Ele não pode ir contra o que Ele naturalmente é. 

Declaração: A natureza de Deus não permite que Ele minta, não seja Deus, etc. 

Conclusão: Portanto, a afirmação de que Deus pode fazer todas as coisas não é verdadeira, e a conclusão levantada contra Deus também não é verdadeira. 

A lógica é uma ferramenta valiosa no testemunho, particularmente quando se usa provas da existência de Deus. Considere a seguinte abordagem básica usando lógica: 

 O universo existe. 

 O universo não pode ser infinitamente antigo; porque se fosse, teria entrado em um estado de entropia há muito tempo. 

A entropia é a segunda lei da termodinâmica que afirma que todas as coisas estão se movendo em direção ao caos e à energia não utilizável. Em outras palavras, tudo está acabando. 

O universo não está em um estado de energia não utilizável; portanto, não é infinitamente antigo. 

Se o universo fosse infinitamente antigo, o universo teria ficado sem energia utilizável há muito tempo. 

Como o universo não é infinitamente antigo logicamente teve um começo. 

 

O universo não poderia ter surgido do nada. 

 Algo antes do universo e maior que o universo tinha que trazer o universo à existência. 

Essa coisa é Deus. 

Todas as provas lógicas para Deus têm pontos fortes e fracos. Mas o cristão não deve ter medo de usar lógica, razão e evidência ao defender a fé. 

 Eu sugiro ler livros sobre introdução à lógica e aprender tudo o que puder. Absorva o máximo possível. Além disso, aprenda a fazer perguntas nas discussões. Aprenda a pensar sobre quais são as ramificações do que as pessoas estão dizendo. Procure por falhas lógicas no discurso delas e no seu próprio.  

 

A lógica é um terreno comum entre o crente e o incrédulo? 

 Alguns afirmam que não existe um terreno comum entre o crente e o incrédulo, e que as pressuposições iniciais do incrédulo contra o Deus cristão não permitem que ele raciocine com precisão a respeito de Deus, do mundo, da verdade ou de si mesmo. Portanto, alguns teólogos cristãos concluem que não pode haver um terreno comum final porque os não salvos não são regenerados e suas pressuposições se opõem à verdadeira racionalidade. 

 “A lógica é verdadeira – não porque é lógica, mas porque é um reflexo da natureza de Deus, que é ordem e verdade.” 

 Eu acredito que a lógica é realmente um tipo de terreno comum. Mas não acredito que ela possua alguma qualidade inata que a torne acima da capacidade ou limitações humanas, nem possua quaisquer qualidades místicas e etéreas que de algum modo transcendam a influência ofuscante do pecado. Eu acho que a lógica, usada corretamente, sempre justifica as verdades encontradas na Bíblia e aponta para Deus – quer um incrédulo reconheça isso ou não. 

 A Lógica pertence a Deus.  

 Isto é assim porque Deus inventou o universo, as leis físicas, a matemática e todos os outros fenômenos naturais e verdadeiros nele existente. A existência tem uma ordem porque Deus deu ordem a ela. A lógica é verdadeira – não porque é lógica, mas porque é um reflexo da natureza de Deus, que é ordem e verdade. Portanto, a lógica, em última análise, pertence apenas a Deus e só pode ser usada apropriadamente por Ele e em assuntos pertencentes a Deus pelo cristão. 

 Isso não quer dizer que um incrédulo não possa dominar a lógica, e a matemática, melhor do que um crente. Existem áreas de conhecimento comuns a ambos, e Deus deu algumas habilidades para pessoas que não são dadas a outros. No entanto, isso não é uma afirmação de que todos os cristãos, quando falam de Deus, o fazem sem falhas. Muitos cristãos são muito ilógicos quando tentam defender Deus. 

 O fato é que ninguém pode alegar ter dominado da lógica. Em um mundo perfeito com pessoas não caídas, o raciocínio seria uma aventura maravilhosa que nos levaria junto da revelação e da verdade de Deus. Mas nós não vivemos em um mundo perfeito. Vivemos em um mundo caído onde o pecado influenciou não apenas nossos corpos, emoções e vontades, mas também nossas mentes. 

 A lógica é suficiente? 

 A lógica é suficiente para o cristão? Não, não é.  

A lógica tem duas grandes falhas:  

Primeiro, é tão boa quanto quem a estiver usando (embora isso não seja uma falha na lógica).  

Em segundo lugar, a lógica não salva. Jesus salva. É o Espírito Santo quem convence do pecado e da justiça e abre o coração para compreender a verdade (João 16: 8). 

 Mas se isso é verdade, então deveríamos nos incomodar em tentar raciocinar junto aos incrédulos? Sim! Absolutamente, e por várias razões: 

 Somos ordenados por Deus para dar uma resposta aos incrédulos (1 Ped. 3:15) e para raciocinar (Isaías 1:18). 

 Deus pode, em Sua soberania, usar nosso testemunho e raciocínio para trazer alguém para o Reino. Ele não é limitado por causa das nossas inadequações. 

Respostas que estão de acordo com a palavra de Deus e dadas aos incrédulos, mesmo que sejam rejeitadas, ainda são respostas verdadeiras. O incrédulo será responsabilizado no dia do julgamento por rejeitar essas verdades. 

 Conclusão 

 A lógica é uma ferramenta para o cristão. Não é nada para ter medo. De fato, se você aceita a verdade de que a lógica “pertence” a Deus, então você deve ser encorajado a usá-la.  

Mas não deixe que isso se torne um ídolo, essa não é a resposta para o problema. Como cristãos, precisamos usar lógica, bem como evidência, oração, palavra de Deus, amor, bondade, etc., em nossos esforços para ganhar pessoas para Jesus. O raciocínio tem um lugar valioso na apologética e com o crente. Vale a pena bom uso dela. Mas use-a com amor, oração e paciência. 

Matt Slick

Matt Slick é o presidente e fundador do Christian Apologetics and Research Ministry. Formado em Ciências sociais pelo Concordia University, Irvine, CA, em 1988. Bacharel em ciências da religião e mestre em apologética pelo Westminster Theological Seminary in Escondido, Califórnia